segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Triologia o Século ╠ Ken Follet




Começando pelo autor, Ken Follet, só posso afirmar que se trata de um grande escritor e um excelente contador de histórias. Se não o fosse não conseguiria agarrar o leitor durante as mais de 3000 páginas desta triologia com assuntos tão pouco interessantes, ou digamos de forma diferente, tão pouco populares como a história e a política tornando-os sim verdadeiramente interessantes.

Para aqueles, nos quais eu me incluo obviamente, que sempre tiveram uma enorme dificuldade em viver as aulas de história como um momento estimulante e surpreendente, acredito que a leitura d’”A Queda dos Gigantes” d’”O Inverno do Mundo” e do “No Limiar da Eternidade” aumentará a chamada cultura geral sobre o século passado de uma forma bastante agradável.

A apresentação do nosso passado é feita ao longo da vida de três gerações de algumas famílias que nos conquistam pela sua autenticidade. As guerras mundiais não são descritas, são vividas. Os novos modelos de governação assim como as novas leis não são apresentadas, são conquistadas. Nós não ficamos apenas a saber o que aconteceu, ficamos a saber também como aconteceu e porque aconteceu.

É claro que é a verdade de Ken Follet sobre toda a história que, se não me engano, é a verdade de alguém que acredita na paz e defende a democracia, mas não existem verdades completamente imparciais e confesso que me identifico bastante com esta.

Por outro lado é, na minha opinião, inegável o serviço que esta obra pode fazer no sentido de mostrar: 1. o quanto as posições radicais são perigosas, porque o foram efetivamente no passado; 2. que precisamos de ter cuidado e responsabilidade nas opções socais/cívicas/comunitárias que escolhemos e daí a importância da política; 3. que foi possível acabar com duas grandes guerras e que não nos pode interessar de todo entrar no ciclo vicioso.

Pessoalmente sou fanaticamente céptica relativamente a todo o tipo de fanatismo. O mundo é demasiadamente grande para existir uma só verdade absoluta e por outro lado é demasiadamente pequeno para acharmos que conseguimos criar um espaço rodeado de muros onde essa verdade absoluta pode viver eternamente.

Esta é a primeira vez que escrevo sobre um livro (neste caso 3) quando ainda não o acabei, mas independentemente do que estiver escrito nas restantes 600 páginas não duvido que mereça estas palavras.

“O jovem pediu um passaporte da Alemanha Ocidental, que era concedido automaticamente aos fugitivos.
(…)
- Vivíamos ambos no Leste. Ela ainda lá está, mas eu fugi.
- Como?
- Derrubei a barreira com uma carrinha.
- Foste tu? Li isso nos jornais. Eh, pá, que fixe! Mas por que diabo não trouxeste a miúda?
- Ela não compareceu ao encontro.
- É pena. Queres uma bebida? – Danni foi à parte de trás do bar.
- Obrigado. Gostava de lá voltar por causa dela, mas agora sou procurado por assassínio.
Danni tirou duas imperiais. - Os comunistas fizeram uma grande história da tua fuga. Dizem que és um criminoso violento.
Tinham igualmente pedido a sua extradição. O governo da Alemanha Ocidental recusara, afirmando que o guarda alvejara um cidadão alemão que queria apenas passar de uma rua de Berlim para outra. A responsabilidade da morte pertencia ao regime não eleito da Alemanha de Leste que aprisionava ilegalmente a sua população.”


Editorial Presença
Livro 1 – A Queda dos Gigantes
Livro 2 – O Inverno do Mundo
Livro 3 – No Limiar da Eternidade

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