domingo, 2 de abril de 2017

O Impiedoso País das Maravilhas e o Fim do Mundo * Haruki Murakami




Tão bom, tão bom , tão bom… Há algum tempo que não lia um livro diferente e surpreendente. Onde não conseguimos imaginar como vai acabar, onde a cada par de páginas achamos que vai acabar de forma diferente e queremos que acabe de forma diferente.

Para mim, mais do que um contador de histórias, Haruki Murakami é um contador de pessoas. Só assim faz sentido tudo o que não tem sentido nos seus livros, porque o que estamos a ler é alguém em toda a sua complexidade. Ele descreve as pessoas na sua simplicidade, nos seus hábitos, nos seus gestos… mas depois vem a “loucura” vêm os circuitos elétricos no cérebro, vem o shuffling, vêm os Semióticos e os Invisíveis, vem a cidade perfeita rodeada por uma muralha e povoada por unicórnios… vem o Fim do Mundo.

Tudo para nos falar de uma aceitação sem resignação. Da capacidade de aceitar o mundo até aquele ponto em que podemos deixar de ser quem somos. Da perceção de que podemos sempre ser nós mesmos independentemente do sítio, das circunstâncias e das pessoas que nos rodeiam.

“Dizes-me que nesta cidade não há lutas, nem ódio, nem esperança. Magnífico! Olha se tivesse forças, eu aplaudia. Mas o facto de não haver lutas, nem ódio, nem desejos significa que também não existe o oposto de tudo isso. Ou seja, não existe alegria, serenidade ou amor. É porque existem o desespero, a desilusão e a tristeza que há alegria. Uma serenidade sem desespero é coisa que não existe em parte alguma. É a isso que eu chamo a "natureza".”

LEYA
565 páginas


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